A
mecânica de regras utilizada no Abismo Infinito é muito maleável e bem completa
para a sua proposta, esse foi o principal motivo da minha volta, as narrativas
de RPG Horror/Terror. Para quem ainda não conhece Abismo Infinito, pode
conferir uma resenha (aqui), e os interessados em adquirir o livro podem comprar
no RETROSTORE.
Procurando
por fontes de inspiração para novas sessões de Abismo Infinito, me deparei com a
HQ Namor: Nas Profundezas, onde uma tripulação fica confinada dentro de um
submarino, dessa forma, fiquei com muita vontade de narrar uma sessão, onde os
jogadores são tripulantes de um submarino durante a 2ª Guerra Mundial, que foi muito
avariado e está sem comunicação com o ambiente externo, e os tripulantes que
estão confinados sofrem um surto psicótico.
Para
que a idéia do surto psicótico fluísse durante as sessões de jogos, tive que
trocar o fator Sonolência por Dissonia. Imagine-se preso em um submarino à
deriva com uma sirene tocando, luzes piscando e com a quantidade de oxigênio limitada
para 7 dias, poucos conseguiram descansar ou dormir.
Dissonia
– Insônia
Extrapolando
essa idéia, pode-se dizer que a tripulação está sofrendo de insônia crônica. Realizando
uma rápida consulta na Wikipédia, temos uma melhor definição da insônia.
A
insônia é caracterizada pela ausência de sono ou por uma grande e prolongada
dificuldade encontrada para adormecer. Esta falta de sono apresenta três
características fundamentais: a dificuldade para pegar no sono, dificuldade em
manter-se dormindo e o acordar precocemente sem conseguir voltar a dormir
novamente.
Cada
uma destas características surge em um determinado estágio da insônia, por
exemplo, a dificuldade em pegar no sono geralmente ocorre em seu estágio
inicial. A dificuldade para manter-se dormindo, por um horário contínuo, já
indica um estágio intermediário. A insônia conhecida como terminal, é aquela
quando o indivíduo desperta precocemente e já não consegue mais voltar a
dormir.
Sabe-se
que muitas podem ser as causas desencadeantes da insônia, entre elas estão os
fatores físicos e os fatores psicológicos. Entre as causas físicas podem ser
considerados o excesso de luz, mesmo quando esta se encontra do lado externo do
dormitório, cama desconfortável, alguma doença das vias respiratórias, pois
estas, geralmente dificultam a respiração causando grande desconforto. A
poluição sonora, ou seja, a vivência em ambientes com altos níveis de ruídos
também desencadeia a insônia.
As
causas psicológicas também podem ser muitas, como estresse, excesso de
preocupações, depressão, excesso de emoções, como por exemplo, alegria
excessiva, ansiedade, etc.
Com
a falta de sono ou a má qualidade de horas dormidas, aqueles que sofrem deste
transtorno ainda costumam se queixar de cansaço, dores no corpo, olhos
avermelhados e sensação de fadiga. Com o tempo, apresentam um baixo rendimento
nas atividades do dia a dia, déficit de memória e alterações cognitivas. Ao se
tornar crônica, ela pode trazer doenças mais graves, atingindo até o sistema
cardiovascular e o metabolismo.
Se
o problema persistir, a pessoa pode vir a ter diabetes, hipertensão, aumento da
pressão arterial e, até mesmo, AVC (Acidente Vascular Cerebral). Além disso, o
sistema imunológico também é prejudicado, diminuindo a defesa do corpo contra
infecções, a resposta de vacinas e, até mesmo, contra as células cancerosas.
Cenário
– Submarino Kursk
Definido
o fator que poderá motivar os surtos psicóticos da tripulação que utilizará a
mesma mecânica de Sonolência, vamos trabalhar a idéia do cenário, o qual, os
jogadores serão imersos.
Ocorreram
diversos acidentes envolvendo submarinos, mas poucos foram tão bem registrados,
quanto o acidente envolvendo o Submarino K-141 Kursk.
K-141
Kursk, foi um submarino nuclear da Classe Oscar-II, pertencente à Marinha Russa
que afundou no Mar de Barents em 12 de Agosto de 2000, com uma tripulação de
118 homens.
Foi
uma das primeiras embarcações concluídas, logo após a queda da União Soviética.
Sua função principal seria compor a Frota do Mar do Norte, cuja sede
localiza-se em Severomorsk. As obras de construção começaram em 1990 em
Severodvinsk, perto de Arkhangelsk, sendo lançado em Dezembro de 1994.
Possuía
154m de comprimento, 18m de largura, e equivalente a quatro andares de altura (
Peso estimado de 18.000 ton), sendo considerado o maior submarino de ataque já
construído. Sendo considerado indestrutível pelos marinheiros russos, devido ao
seu tamanho e aos recursos tecnológicos.
Incidente.
Em
12 agosto de 2000, o mundo acompanhou o drama de 118 marinheiros russos que
estavam presos no interior de um submarino nuclear naufragado, o Kursk. Hoje, treze
anos após a tragédia, as causas do acidente ainda não foram totalmente
esclarecidas. O que se sabe é que duas explosões de causa ainda desconhecida
fizeram com que o Kursk afundasse nas águas geladas do Mar Barents, a 108
metros de profundidade.
O
Local do Incidente.
O
Mar de Barents é parte do Oceano Glacial Árctico e situa-se a norte da Noruega
e da Rússia. Recebeu o nome do navegador neerlandês Willem Barents. Tem uma
profundidade média de 230 m.
Os
portos de Murmansk, na Rússia, e de Vardo, na Noruega, permanecem livres de
gelo ao longo de todo o ano, devido à ação da corrente do Atlântico Norte, uma
corrente quente ligada à corrente do Golfo. Os maiores arquipélagos do mar de
Barents são os da Nova Zembla (Rússia) e de Svalbard (Noruega).
Antes
da Guerra de Inverno, o território da Finlândia também atingia o mar de
Barents, e o porto de Petsamo era o único porto finlandês livre de gelo no
inverno.
A
contaminação nuclear de despejos de reatores navais russos é um problema
ambiental sério no mar de Barents.
O
Mar de Barents é centro de extração de petróleo desde a década de 1970, tanto
na parte norueguesa como na russa.
Cronologia
do acidente – Submarino Kursk
Sábado,
12 de agosto:
O
submarino nuclear russo Kursk navega, a cerca de 20 metros de profundidade,
pelo mar de Barents (norte da Rússia), executando exercícios de rotina.
Um
choque ou explosão (ainda não confirmado pelos especialistas) danifica a
embarcação que é obrigada a desligar o reator nuclear, responsável pela
propulsão do submarino. A onda de choque é registrada às 8h30 locais por navios
russos e norte-americanos que navegam na área.
Em
cerca de dois minutos a embarcação vai até o fundo do mar, a 108 metros da
superfície. O reator não sofre danos.
Às
20h30, hora em que a ligação de rádio deveria ser restabelecida, o comando da
Frota descobre que o Kursk não responde.
O
submarino é descoberto às 0h21 do domingo.
Segunda-feira,
14:
A
Marinha russa anuncia pela primeira vez que o submarino foi ao fundo do mar.
Diz que mantém contato por rádio com o submersível, mas se contradiz mais
tarde, quando autoridades dizem que a única forma de contato com a tripulação é
por meio de batidas no casco.
A
Marinha diz que navios de resgate foram para o local às pressas. Os níveis de
radiação estão normais e o submarino não carrega armas nucleares.
A
TV independente "NTV" afirma que o submarino está inundado e que a
energia foi cortada.
A
Marinha nega o alagamento e, pela primeira vez, dá a data do acidente: domingo
(13).
O
almirante Vladimir Kuroyedov diz que o submarino está seriamente danificado.
"As chances de uma saída positiva não são muito grandes", diz.
Notícias
de que o submarino pode ter colidido com uma embarcação estrangeira são negadas
por autoridades, que falam sobre uma explosão a bordo.
O
Reino Unido oferece à Rússia ajuda para salvar a tripulação e coloca de
prontidão o LR5, uma embarcação de busca e resgate em águas profundas. Os
Estados Unidos também dizem estar preparados para ajudar.
Tempestades
e o mar agitado atrapalham as tentativa de resgatar os marinheiros. O Governo
russo decide esperar a melhora das condições climáticas para iniciar operações
de resgate.
Terça-feira,
15:
A
Marinha afirma que escutou as batidas da tripulação no casco. Grupos de resgate
esperam pela melhora do clima para facilitar a tentativa de trazer à tona
pequenas cápsulas com a tripulação do Kursk. A Marinha russa diz poder lidar
com a situação sem ajuda estrangeira.
Autoridades
dizem que a operação de resgate está em curso. Um porta-voz da Marinha afirma
que o oxigênio está terminando no Kursk.
Mesmo
sem condições ideais, a primeira cápsula de resgate é mandada ao fundo do mar.
Após menos de uma hora a tentativa é abortada devido a uma tempestade.
Autoridades
militares russas em Bruxelas (Bélgica)discutem uma possível ajuda da Otan
(aliança militar ocidental).
A
baixa visibilidade atrasa os esforços de resgate, diz a Marinha russa.
Uma
segunda tentativa de chegar ao submarino com a cápsula de resgate é abandonada,
e uma terceira é iniciada. Termina também sem sucesso.
Quarta-feira,
16:
O
presidente Vladimir Putin, em férias no sul da Rússia, diz que a situação é
"crítica". Pouco depois, o vice-premiê Ilya Klebanov diz que não há
mais sinais de vida no submarino.
Kuroyedov
afirma que a Rússia usará ajuda britânica para salvar a tripulação do Kursk.
Poucas horas depois a Rússia pede formalmente ajuda do Reino Unido e da
Noruega.
Um
avião levando o minissubmarino britânico LR5 pousa em Trondheim, na Noruega. Em
seguida, o LR5 parte em direção ao mar de Barents com previsão de chegada no
sábado (19) ou domingo (20).
O
presidente dos EUA, Bill Clinton, liga para o presidente russo Vladimir Putin
para oferecer ajuda;
Marinha
russa envia missão tripulada para resgatar a tripulação, mas, como as demais,
esta também falha.
Representantes
russos vão à sede da Otan avaliar possíveis métodos de salvamento
Governo
diz que não há mais sinais de comunicação da tripulação. Os navios
norte-americanos afirmam que não houve sinal de vida em nenhum momento.
Autoridades
da Marinha se contradizem novamente e avaliam que oxigênio do submarino pode
durar até o dia 25 de agosto
Noruega
envia mergulhadores especializados para colaborar na missão de resgate.
Quinta-feira,
17:
Jornais
russos publicam reportagens mostrando a indignação da opinião pública com os
recursos utilizados pela Rússia, pela demora empregada na operação e no pedido
de ajuda a outros países, e pela postura do presidente Vladimir Putin que não
abandona suas férias para acompanhar de perto as tentativas de resgate.
O
ministro da Defesa britânico afirma que o submarino apresenta graves danos em
seu casco. Os problemas se concentram principalmente na proa (parte frontal da
embarcação).
O
vice-premiê russo, Iliá Klebánov, diz o Kursk chocou-se contra um "objeto
grande e pesado". Klebánov afirma também que é possível que tripulantes
estivessem na proa do submarino e admite que possam haver mortos.
O
porta-voz do grupo Jane's Defense declara que 70% da tripulação pode ter
morrido no choque que danificou a embarcação.
Sexta-feira,
18:
Deputado
russo acusa o presidente do país de ter atitude "amoral" no caso.
Jornal
russo publica lista dos tripulantes, comprada de um oficial da Marinha por R$
1.200.
Governo
apresenta simulação do acidente.
Um
batiscafo (aparelho que conduz observadores ao fundo do mar) consegue ficar por
pouco tempo encostado em uma escotilha de emergência do Kursk, mas não se
conectou devido à deformação da escotilha e às fortes correntes marítimas.
Putin
interrompe suas férias para ir a Moscou. Ele estava em Yalta (Ucrânia) onde
ocorreria um encontro das ex-repúblicas soviéticas. O encontro incluiu em sua
pauta como ajudar no salvamento da tripulação do Kursk.
Segunda-feira,
21:
7h45
da manhã, quatro mergulhadores noruegueses da empresa Stolt Comex Seaway
conseguiram abrir a primeira escotilha do submarino. Os homens-rãs deparam-se
com o cenário mais temido. “Todos os compartimentos estão inundados e nenhum
membro da tripulação sobreviveu”, declarou o vice-almirante russo Mikhail
Motsak.
Todo
esse material reunido serviu para a elaboração da minha próxima sessão de RPG,
que irei narrar utilizando o sistema de Abismo Infinito, alguns podem dizer que
as informações estão muito vagas, mas é necessário nesse primeiro momento, pois
é material para fonte de inspiração do narrador.
Logo
após narrar essa sessão irei postar um relato com fotos e se possível realizo a
gravação de um podcast da jogatina, e já terei uma aventura elaborada para ser
colocada aqui no blog.
Nos siga no Twitter @FilhosdaGehenna
Curta a FanPage Filhos Da Gehenna
Acompanhe Comunidade no Google+ Filhos Da Gehenna
Autor: Jan Piertezoon
A Mente maléfica por trás da criação do Blog Filhos da Gehenna, (ir)responsável pela narração da atual crônica do blog apresentado no podcast. Aficcionado por jogos de interpretação, onde o sistema preferido para as minhas crônicas é o Storyteller & Storytelling. Um colecionador de livros de RPG e um grande consumidor de podcast. RPG Mainstream ou Indie não importa, jogo todos!!!
Comentários
Postar um comentário